Pequenos Nós.

O tempo estava um tanto abafado para o mês de maio, de vez em quando uma brisa leve soprava e fazia as folhas da árvore atrás deles balançar debilmente. Alice e Ian estavam sentados num banco de concreto em frente à sala de aula enquanto entrelaçavam os dedos de suas mãos e conversavam com duas ou três pessoas que também estavam ali.
Alice girava entre os dedos de sua mão direita um papel de bala cor-de-rosa com um pequeno nó no meio e então soltou em um tom de voz baixo:
- Diz à lenda de que isso aqui é um beijo.
E riu bobamente ao terminar a frase.
- Me explica isso direito. Que lenda? - perguntou Ian.
- Bem, a pessoa que dá isso - ela levantou o papelzinho entre os dedos magros. - Para outra pessoa está pedindo um beijo.
E entregou o papel com o nozinho para Ian, que sorriu instantaneamente. Alice prosseguiu:
- Uma vez eu te dei um e você me devolveu... Você recusou meu beijo.
- Caramba! Eu fiz isso mesmo, mas não sabia dessa história, então não valeu.
- Mas fiquei chateada quando me devolveu o papel.
- Só que eu te mostrava a língua e você não me deu beijo nenhum também. E você sabe muito bem que quem mostra a língua pede beijo!
Riram ao lembrar-se dos episódios citados.
Alguns minutos mais tarde, encostados no muro da faculdade, Ian falou enquanto vasculhava o bolso de sua calça listrada em preto e cinza:
- Eu tenho uma coisa para te dar...
- O que? – perguntou curiosa.
Ele tirou a mão do bolso e a abriu, ali continha cinco papeis de bala com nozinhos no meio. Alice explodiu em risos.
- Tenho que te dar tudo isso em beijos?
- Claro, não foi isso o que me disse?