Encarava a folha branca com linhas cor-de-rosa a sua frente ansiosa, já faziam exatamente quarenta e sete minutos que Alice estava a pensar em palavras dignas e sentimentos concretos para transcrever no papel. Em sua mente, surgiam trechos de músicas que havia ouvido há pouco tempo e pequeninos pedaços de dias que passou.
A cada segundo que passava, ficava mais e mais difícil escrever.
Após rabiscar várias palavras na inútil tentativa de escrever algo bom, Alice lembrou-se de uma tarde chuvosa em maio de um ano que já havia passado. Recordou-se de cada detalhe e escreveu...
A cada segundo que passava, ficava mais e mais difícil escrever.
Após rabiscar várias palavras na inútil tentativa de escrever algo bom, Alice lembrou-se de uma tarde chuvosa em maio de um ano que já havia passado. Recordou-se de cada detalhe e escreveu...
A colcha xadrez estava em minha volta, encolhida no canto do sofá, eu era capaz de ouvir cada gota de chuva despencando do céu e derramando sob o concreto frio da calçada, elas também encontravam com minha janela, criando uma música perfeita para dormir, o que não fiz. Esperava que você voltasse a qualquer instante, passei dias esperando e eu tinha a certeza de que demoraria, você era assim, demorava. Tentava me acostumar com isso, com você, mas não conseguia, eu queria que tudo fosse como eu planejasse e agora sei que não pode ser assim, somos diferentes e é isso o que eu gosto.
Logo, um barulho diferente chegou a meu ouvido e sua voz me tocou.
- Não aguento mais ficar longe de você.
- Não aguento mais ficar longe de você.
Alice não conseguia mais escrever, não enxergava o que escrevia, seus olhos a pouco marejados, passaram a transbordar, as lágrimas escorriam por sua face, tocando o papel. As letras manchadas e os olhos embaçados não a deixavam ler se quer uma palavra do que havia escrito. Ela chorava agora, não por ele, mas por não ter outra coisa para escrever a não ser ele.
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